A Reforma Tributária vai pegar fogo em 2026. Após a aprovação da Lei Complementar 214/2025 e a definição dos pilares operacionais do novo sistema, o próximo ano marca o início da transição prática para o CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços).
Para as empresas, o tempo corre. Agora é o momento de testar, validar e ajustar processos. Em um ambiente em que falhas tributárias podem parar operações, bloquear pagamentos a fornecedores ou gerar inconsistências tributárias, a preparação antecipada deixou de ser vantagem: virou requisito mínimo de continuidade.
O que muda em 2026: os gatilhos que exigem preparação imediata
A partir de 1º de janeiro de 2026, começa a transição operacional para o novo modelo:
- CBS e IBS entram em vigência em regime de testes e adaptação
O Brasil inicia o período de convivência entre os tributos atuais e os novos tributos dualizados. Mesmo com a implementação gradual, as empresas precisarão registrar operações considerando as novas regras, alíquotas e formas de cálculo.
- Atualização obrigatória dos layouts das DF-es atuais
Os documentos fiscais passam a carregar campos específicos para CBS, IBS e -quando aplicável- Imposto Seletivo. Isso significa mais de 200 novas informações relativas à Reforma, com dados fundamentais para as alterações estruturais nos cálculos de créditos e débitos e impactos diretos nos sistemas de ERP, faturamento, contabilidade e procurement.
- Fim progressivo da cumulatividade
A lógica tributária muda: deixa de ser um sistema que acumula tributos “em cascata” ao longo da cadeia, passando a um modelo plenamente creditável. Isso exige revisitar precificação, margens, modelos de compras e até contratos.
- Adoção de processos mais digitais e integrados
A reforma visa reduzir burocracia e padronizar obrigações, o que exige que empresas tenham processos altamente automatizados para emissão, recepção, apuração e auditoria fiscal.
Os riscos reais para quem não pilotar agora
Uma pesquisa nacional divulgada em novembro de 2025 mostrou que quase três quartos das empresas brasileiras ainda não estão preparadas para a Reforma Tributária, especialmente no que diz respeito à adaptação dos sistemas de faturamento e à integração com fornecedores.
Os principais riscos identificados para 2026 incluem:
- Falhas em contas a pagar e a receber, por divergências entre DF-e recebida e parametrização fiscal interna.
- Créditos tributários mal calculados, gerando risco financeiro e imprevisibilidade de caixa.
- Problemas operacionais, especialmente em setores com alto volume de notas (varejo, indústria, logística).
- Retrabalho massivo, caso as readequações não sejam feitas em tempo hábil.
Empresas que deixarem para validar seus sistemas após janeiro tenderão a enfrentar gargalos difíceis de recuperar no curto prazo.
O que sua empresa precisa testar o mais rápido possível
Com o início da transição cada vez mais próximo, alguns passos são inadiáveis. A prioridade absoluta é a implementação do novo layout para os documentos fiscais eletrônicos já existentes e a implementação da emissão de novos documentos caso o seu segmento seja afetado por elas, garantindo que a emissão com campos de CBS/IBS, as regras de cálculo e a integração com o ERP funcionem de ponta a ponta, incluindo o comportamento dos webservices federais e estaduais. Este é o caso das empresas que precisam emitir notas de serviço no padrão nacional, de acordo com os municípios que já adeririam a este novo modelo, aos setores de água e saneamento básico, o setor aéreo, além de outros que, apesar de ainda não ter datas e modelos oficiais anunciados, já se sabem que serão afetados, como o setor de aluguéis de móveis e imóveis e o setor de gás.
Em paralelo, as empresas precisam reforçar os testes de recepção e validação automática de notas de fornecedores, já que grande parte dos riscos operacionais recai sobre divergências entre documentos recebidos e parametrizações internas.
Outro passo crítico é a revisão das regras de negócio para o novo modelo não-cumulativo, avaliando impactos no fluxo de caixa, mapeamento das operações que geram crédito e possíveis alterações de custo ou margem.
Na sequência, a automação da apuração fiscal e das conciliações se torna indispensável: a complexidade antes distribuída entre ICMS, ISS, PIS e Cofins agora se concentra em CBS/IBS, exigindo maior precisão e rastreabilidade.
Por fim, as empresas devem executar pilotos internos de ponta a ponta, simulando processos completos -emissão, recepção, conciliação, escrituração e auditoria- para identificar falhas antes da operação real.
Cenários prováveis para 2026 e como sua empresa deve se preparar para cada um (infográfico)
- Cenário 1: transição estrutural acelerada
O governo fortalece a digitalização e libera novos ajustes no layout das DF-es. Empresas devem manter seus sistemas atualizados continuamente.
- Cenário 2: fornecedores em ritmos diferentes de adaptação
Cadeias de suprimentos com baixa maturidade digital sofrerão. Empresas precisam de ferramentas de reconciliação e validação automática de NF-e.
- Cenário 3: maior fiscalização orientada por dados
Com mais informações padronizadas e o governo firme em suas datas estabelecidas, cresce o uso de analytics pelas autoridades tributárias. Erros pequenos serão detectados mais rapidamente.
- Cenário 4: competição e preços pressionados por créditos tributários
Setores industrial e de varejo podem ver ajustes competitivos conforme créditos do CBS/IBS começarem a surtir efeito. Empresas devem simular cenários financeiros para evitar surpresa nos resultados.
Como construir seu roadmap interno para o primeiro semestre de 2026: uma sugestão
Dez 2025 – Jan 2026
- Diagnóstico completo dos sistemas
- Atualização dos ERPs e soluções fiscais
- Testes em homologação com layout CBS/IBS
Fev – Mar 2026
- Validação de emissão e recepção
- Ajuste de regras fiscais
- Revisão do fluxo de caixa com novos créditos
Abr – Jun 2026
- Pilotos de operação real
- Auditorias internas
- Otimização e automação de processos
A lógica é simples: quanto mais cedo sua empresa testar, menos interrupções enfrentará durante a transição.
2026 é o ano da virada – e precisa começar ontem
A Reforma Tributária pode simplificar processos, reduzir burocracia e aumentar competitividade, mas apenas para quem estiver pronto. Empresas que se antecipam reduzem risco, ganham eficiência e evitam quedas operacionais no início do novo modelo.
Sovos está acompanhando cada etapa regulatória e tecnológica da reforma.
Com soluções integradas de faturação eletrônica, compliance tributário e automação fiscal, a Sovos apoia empresas que precisam adaptar DF-es, validar documentos recebidos, apurar CBS/IBS e garantir uma transição segura.
2026 será um divisor de águas. E o momento de se preparar é ontem.
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